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Aprendizagem humana versus mudança organizacional

Mudar sempre, questionar paradigmas, agir de maneira diferente, transformar o dia-a-dia, buscar saídas inovadoras, expressões e práticas que tomaram conta das organizações fazendo com sua presença uma verdadeira revolução no cotidiano.

Funcionários não conseguem se adaptar ao cotidiano organizacional ou as empresas não estão prontas para prepará-los?

Mudar sempre, questionar paradigmas, agir de maneira diferente, transformar o dia-a-dia, buscar saídas inovadoras, expressões e práticas que tomaram conta das organizações fazendo com sua presença uma verdadeira revolução no cotidiano. Some-se a isso as incertezas do cenário atual e futuro, a insegurança dos períodos transitórios e a rapidez com que isto tudo deve ser processado para se obter vantagens competitivas, e aí teremos um dia-a-dia organizacional para poucos heróis e sobreviventes. Na verdade, e no fundo de toda esta discussão estão sempre estes tais “heróis” que devem ser os agentes das tais transformações.

Afinal, o que se espera deles?

  • Que se adaptem o mais rápido possível.

  • Que mudem de valores referenciais de ontem para hoje.

  • Que se comportem conforme as novas regras, não definitivas

  • Que aumentem seu comprometimento e colaborem com aquilo que não inventaram.

  • Que se envolvam e dêem sugestões para aperfeiçoar com o que não concordam.

  • Que não manifestem resistência.

  • Que estejam preparados para a próxima novidade.

  • Que não tenham medo de perder o emprego, pois isto faz parte do jogo, afinal ninguém tem estabilidade.

  • Que se vinculem com algo transitório e não muito claro.

  • Que façam isso, de preferência, o mais rápido possível.

  • Que tenham comportamentos iguais àqueles previstos nos “manuais práticos para transformar uma empresa”.

Será razoável esperar isto das pessoas? Às vezes surpreende como algumas empresas e administradores enfrentam estas questões complexas com tamanha simplicidade e inconsequência.

Será produto de ignorância, ou de convicção que não são adotadas medidas que abriguem dentro dos processos de mudança as necessidades e expectativas das pessoas? Por outro lado, será que ainda se acredita de fato naqueles artigos, publicações, ou mesmo em algumas consultorias que vendem os “sete passos para a mudança eficaz?” Não é possível! A questão deve ser mesmo de pressão de tempo ou de dificuldade de vislumbrar como atender requisitos de pessoas em meio às complexas turbulências das transformações.


A saída parece estar na capacidade que os agentes de mudança têm de equacionar as possibilidades de aprendizagem que as mudanças oferecem, com a criação de “settings” (espaços e tempos) de aprendizado de adultos ao longo do processo. Isto significa endereçar questões do tipo: como se dá a aprendizagem de adultos em contextos de mudança? Quais questões motivacionais estão envolvidas? Como detectar, negociar e procurar atender as necessidades das pessoas durante a transformação? O que fazer, durante o processo, para ajudar as pessoas a aprenderem mais rapidamente? O treinamento é a única ferramenta disponível para esta finalidade?


As possibilidades de lidar com este contexto de forma eficaz não são tão complexas quanto possam parecer. Por exemplo, é possível:

  • proporcionar uma adequada revisão e elaborar novos pressupostos de mudança: pessoas são problemas ou parte da solução?

  • explicitar e negociar as necessidades das pessoas. O que desejam? Quais são os limites para atendê-las?

  • propor uma maneira adequada de tratar adultos em tempos de incertezas

  • criar e disponibilizar mecanismos e ferramentas que precipitem a aprendizagem e a elaboração dos novos vínculos das pessoas com o trabalho.

  • buscar incessantemente a conscientização dos envolvidos/impactados - adultos que resistem a mudar, têm motivos e direito de fazê-lo.


Parece que somente desta maneira, é possível superar as diferentes formas de “adesão dissimulada” às mudanças, que é um comportamento de defesa e de sobrevivência que muitas pessoas vem desenvolvendo nas empresas nos últimos tempos. Este fenômeno é fruto da condução inadequada dos processos de mudança organizacional, e de níveis de exigências comportamentais fora da capacidade e do tempo humanos de elaboração e incorporação como conduta.


Fonte

CORTONI, Luis Felipe. Aprendizagem humana versus mudança organizacional. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=om37sdam2>.

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